BELAS, RECATADAS E DO LAR? : Empoderamento das mulheres no cooperativismo

Dados Acadêmicos

  • Autor

    Jussara Oliveira de Souza

  • Orientador

    Kety Carla De March

  • Universidade

    UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTROOESTE

  • Tipo de Curso

    Especialização/MBA

  • Tipo

    Artigo

  • Ano de Produção

    2018

Resumo do Projeto

Introdução

Atualmente, o cooperativismo tem se destacado como uma organização que promove, além da inclusão social e financeira, a inclusão de gênero. A incorporação das discussões de gênero no âmbito do cooperativismo brasileiro é uma preocupação a nível nacional, ou seja, não é algo especifico do território do Sisal. Analisar o contexto de inserção das mulheres na diretoria da Ascoob Itapicuru a partir das desigualdades de gênero constitui-se como objetivo deste artigo. Dentro desse contexto, destaca-se o paradigma em que a lei 9.029/1995 que proíbe a adoção de qualquer prática discriminatória e limitativa no que tange à relação de emprego, ou sua manutenção, por motivo de sexo, raça, cor, estado civil, situação familiar ou idade. Trata-se de uma pesquisa cuja metodologia escolhida foi a qualitativa, utilizando técnicas de coleta de dados como: análise documental e entrevistas individuais semiestruturadas. Como referencial teórico, o uso do gênero, empoderamento e memória/ identidade. Para este trabalho foram analisados os discursos de mulheres inserida no contexto da cooperativa, bem como autores que discutem as questões relacionadas com o cooperativismo, gênero, empoderamento e a inserção das mulheres no mercado de trabalho.

Justificativa

Este artigo tem como tema a participação das mulheres no cooperativismo exercendo funções diversas na cooperativa de credito do Vale do Itapicuru - Ascoob Itapicuru. Tal temática se faz relevante ao considerarmos que as cooperativas parecem estar situadas como espaços de participação efetiva de mulheres, considerando que historicamente elas foram preteridas no que diz respeito ao mundo do trabalho e tomada de decisões. Embora a inserção das mulheres no mundo do trabalho tenha se dado de modo bastante evidente no último século, devemos considerar que uma parcela significativa de mulheres sempre exerceu funções exteriores ao lar, especialmente no que diz respeito a pobres em ofícios como os de empregadas domésticas e lavadeiras. As mulheres de classes mais abastadas eram proibidas pela moral social de frequentarem espaços públicos e, para poderem exercer profissões, por muito tempo dependeram de autorização por escrito do marido, pai ou de um juiz, conforme podemos observar no Código Civil de 1916 no seu Artigo 233: “O marido é o chefe da sociedade conjugal. Compete-lhe: [...] IV – o direito de autorizar a profissão da mulher e a sua residência fora do teto conjugal; V – prover a manutenção da família” (CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO, 1916). Mesmo diante da mudança ocorrida na segunda metade do século XX, ainda observamos que estatisticamente, de acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego, as mulheres ainda trabalham mais e ganham menos, embora sejam, em média, mais qualificadas e tenham mais anos de escolaridade que os homens3. Histórica e culturalmente, as mulheres foram relegadas a alguns trabalhos específicos, como aqueles voltados para os cuidados e para a educação. No entanto, entre as mais abastadas, as profissões seguidas muitas vezes estavam associadas à enfermagem e à licenciatura, devido à crença de que mulheres naturalmente teriam maiores habilidades naturais para essas funções.

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